FRANÇA AOS FRANCESES: Entrevista com a Ação Francesa

O Século XX assistiu o nascimento de várias Revoluções Nacionalistas ao redor do mundo. No Brasil, tivemos a fundação da Ação Integralista Brasileira em 7 de Outubro de 1932, que representou a Segunda Independência da Nação Brasileira. Porém, um dos países onde o Nacionalismo teve grande repercussão em ideias e movimentos foi a França. Charles Maurras, grande intelectual, lançou as bases para o Nacionalismo Revolucionário, sendo um dos grandes fenômenos do fim do Século XIX. A NOVA ACÇÃO teve o privilégio de entrevistar o já secular movimento, ainda grande participante da vida política francesa e que ainda promete restaurar o Reinado Social de Cristo na França.

NA: Poderia fazer um pequeno resumo da história da Ação Francesa e do desenvolvimento do Nacionalismo Integral de Maurras?

AF: É uma tarefa difícil de resumir a história de 125 anos da Ação Francesa. O movimento foi fundado em 1898 por Henri Vaugueois e Maurice Pujo. Inicialmente, a Ação Francesa era apenas uma reação ao escândalo militar chamado “Caso Dreyfus”. Entretanto, no ano seguinte, o jornal do movimento “Revue d’Action Française” foi criado com a ambição de realizar uma reforma intelectual da doutrina nacionalista. O movimento era majoritariamente republicano na época, mas Charles Maurras, um dos membros fundadores do movimento, converteu a Ação Francesa ao monarquismo entre 1900 e 1903 com a publicação de três volumes da obra “Enquête sur la monarchie“. Foi neste momento que o nacionalismo integral nasceu. Um nacionalismo que leva à monarquia.

A Ação Francesa então consolidou sua doutrina e adquiriu um corpo militante com a League d’Action Française sendo puro e politicamente militante e os Camelots du Roi serviam como vendedores de jornais, também como serviço de segurança. Nosso movimento estava envolvido contra vários escândalos da Terceira República, como os casos de Panama, Thalamas e Stavisky. O último tendo provocado as manifestações de 6 de fevereiro de 1934, nos quais a Ação Francesa estava envolvida.

Com o passar do tempo, a Ação Francesa sofreu grandes abalos, perdendo metade de seus Camelots du Roi durante a Primeira Guerra Mundial, a condenação do movimento pela Igreja Católica em 1926 que depois seria retirada, muitas cisões, a dissolução da organização militante e finalmente a Segunda Guerra Mundial.

NA: Poderia falar de como a Ação Francesa se reestruturou para o Século XXI?

AF: Após a guerra, a Ação Francesa reemergiu oficialmente em 1947, mas passou por altos e baixos, cisões, algumas regionais ou estupidamente grupusculares. Tivemos uma grande perda de membros para outros movimentos como o Pujadismo ou a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen, que era um vendedor de nosso jornal. Em 2012, a Ação Francesa ganhou muitos militantes, inicialmente com a oposição ao casamento homossexual, mas também com a explosão da imigração, e até mesmo com a perda de confiança na República e na União Europeia por parte de muitos franceses. Os dois principais grupos do movimento se reunificaram em 2018 e muitas seções foram criadas em lugares que a Ação Francesa não existia mais há décadas. Essa nova onda de militantes em todo o país após todos esses anos cruzando o deserto se tornou um desafio, isso inclui a necessidade de executivos políticos para treinar os ativistas recém chegados, que na maioria das vezes, não tinham uma sólida doutrina política. Esse desafio ainda faz parte do nosso trabalho hoje. O novo jornal do movimento chamado “Le Bien Commun“, as conferências locais e nacionais e até nossos campos de verão são formas de superar esse desafio.

NA: Qual é a relação da Ação Francesa com outros movimentos nacionalistas europeus?

AF: Antes de responder essa pergunta, irei falar um pouco sobre uma de nossas doutrinas que é a de “política primeiro”. O nome é autoexplicativo e afirma que todas as nossas ações devem ter propósitos políticos. No passado, tivemos algumas influências e interações com outros movimentos europeus e até de outros continentes. Porém, em nossa atual situação, nossa primeira prioridade é consolidar o movimento e assegurar um lugar na cena política francesa. Também tivemos outros diálogos, incluindo o que estamos tendo agora, e também com outros movimentos políticos e personalidades na Itália, no Canadá, em Portugal, no Reino Unido e na Bélgica. Eu também ouvi falar de alguns diálogos com um grupo Carlista na Espanha. Já tivemos algumas relações com a Ação Orleanista no Brasil. Mesmo que isso seja ótimo para vermos os pontos de convergência com os nossos movimentos, essas relações com movimentos estrangeiros não podem ser a nossa prioridade agora. Muitas dessas relações vêm de estudantes estrangeiros que fazem campanha conosco durante seus estudos com alguns de nossos ativistas que vivem ou têm família nesses países.

NA: A Ação Francesa apoia a instauração de um Estado Corporativo na França?

AF: A resposta é sim. O corporativismo/guildismo da Ação Francesa tende a ter vários objetivos. O principal é defender a sociedade contra os excessos do capitalismo e do marxismo. É importante lembrar que o Corporativismo é uma doutrina social, não econômica. Muitas pessoas costumam confundir a economia, o social e até as finanças.

Os objetivos do corporativismo são organizar o trabalho e a economia pelas pessoas de suas respectivas profissões, não apenas pelo mercado. Provê uma organização que mantém e perpetua o conhecimento e tradições de uma profissão. Ainda estamos trabalhando para adaptar esta doutrina para os dias atuais, onde a maioria dos trabalhadores são empregados e não mais pessoas de uma profissão. Uma forma de sindicalismo nacionalista pode ser a resposta ou até mesmo o pancapitalismo, uma doutrina que convida os trabalhadores a se mutualizar e a compartilhar parte da propriedade da sua empresa. Não é comunismo porque não implica que todos os trabalhadores devam ter uma parte igual do negócio ou que não há um chefe ou uma hierarquia na companhia. Os objetivos são envolver os empregados no destino da companhia, pois seus esforços são mais recompensados pelos benefícios dele, também é um jeito de limitar ou erradicar os efeitos da participação acionária nas mãos de pessoas estranhas à empresa.

Nosso corporativismo não é estatista, como é o caso do corporativismo fascista. O objetivo não é criar uma organização do trabalho na mão do Estado, mas nos corpos intermediários.

O corporativismo é parte da nossa doutrina de descentralização, isso se não for a parte mais importante dela. Então corporativismo não é apenas econômico ou sobre organizações de trabalho, mas também cultural e de associações. De certa forma, até mesmo a família é uma corporação, porque é o primeiro corpo intermediário entre o indivíduo e a Nação.

Se quisermos resumir a nossa doutrina corporativista, é uma forma de luta contra o individualismo. Diante da sociedade de milhares de indivíduos que enfrentam o Estado único, propomos a criação de organizações e órgãos na nossa vida privada, na sociedade e no trabalho.

NA: Após as recentes eleições, foi possível observar uma guinada à direita do povo francês. Com isso, é possível afirmar que o nacionalismo e outros movimentos contrários à esquerda estão crescendo na França?

AF: A mudança eleitoral é uma boa notícia, claro. Porém podemos observar outras coisas menos positivas. Primeiramente, mesmo que o Rassemblement National de Marine Le Pen seja a melhor alternativa eleitoral atual, é um partido político brando. Brando na sua direita, brando na sua esquerda, brando no que o faz nacionalista. Os outros partidos eleitorais da direita são ainda piores. As formações políticas de Eric Ciotti e Eric Zemmour são apenas capitalistas e liberais que não gostam de muçulmanos. Este último ponto não é suficiente para ser nacionalista.

Então, se a situação eleitoral pode nos dar esperança para o futuro da França, também pode diminuir os esforços de ativistas nacionalistas que nela dependem. É uma de nossas razões para sermos monarquistas. Ao abrir mão de nossa soberania pelo sistema eleitoral, muitos de nós apenas desistem do seu ativismo também. Porém, mesmo que o Rassemblement National vença as próximas eleições e tome decisões pelo bem comum, irá chegar o tempo em que irão perder as eleições e todos os esforços do passado serão em vão.

Portanto, isso não provocou crescimento dos movimentos nacionalistas. Em comparação, houve mais crescimento com as eleições de Emmanuel Macron e do seu antecessor.

Embora, para não ser totalmente pessimista, as últimas eleições demonstraram claramente que o povo francês ainda é apegado ao seu país. O sentimento nacional tem sido cada vez mais importante do que nas últimas décadas. Não poderíamos fazer nada sem ele. Nós precisamos dar uma doutrina para o ambiente nacionalista, porque a direita carece de uma.

NA: Muitos consideram a Ação Francesa como um movimento “protofascista” – o que o movimento
acha disso?

AF: Nós não concordamos com essa afirmação, o que deve ser explicado. O nacionalismo integral é bem menos estatista e centralizador que o Fascismo. Para a máxima “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”, nós respondemos com “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”, dito por um estadista português, que se inspirou muito mais em Charles Maurras do que Mussolini. Preferimos o Autoritarismo ao Totalitarismo.

Muitas pessoas fazem essa afirmação porque, assim como o Fascismo, nosso movimento se opõe à democracia, sem cair em certas doutrinas reacionárias caricatas, como o legitimismo na França. Ou porque Maurras se inspirou no positivismo.

Mas na época, fascistas italianos claramente disseram que a sua doutrina foi muito mais inspirada por Hegel do que Maurras. Na França, alguns de nossos autores criticaram o estatismo do Fascismo Italiano.

Finalmente, penso que a nossa maior diferença com o fascismo é o seu voluntarismo. O fascismo é uma ideologia
que visa criar uma nova forma de governo e, em geral, uma nova sociedade, mas a nossa doutrina visa a oposto. Mesmo que queiramos adaptar as tradições dos nossos tempos, o nosso objetivo é recriar uma forma de poder e sociedade que provou a sua capacidade de manter o poder e a unidade da França ao longo de mil anos.

NA: O que é o Nacionalismo Integral de Charles Maurras?

AF: O Nacionalismo Integral é a principal doutrina da Action Française. É uma forma de empirismo político. Provavelmente a maioria dos nacionalistas franceses se consideram republicanos. Maurras se dirige a eles por Nacionalismo Integral. Aqueles que são nacionalistas, mesmo republicanos, adoram ver todas as forças do seu país estarem unidas contra os seus desafios ou seus rivais. No entanto, elas podem estar em desespero quando as forças do país lutam entre si e enfraquecem a Nação. Mas é da natureza da República, do sistema partidário, quebrar a unidade nacional e trazer conflito dentro da Nação. A República é uma guerra civil permanente e latente. Aqueles nacionalistas que ainda são republicanos, são republicanos sem consciência sobre as condições naturais da República. Querem restaurar a Nação sem lhe dar meios para isso. O seu nacionalismo não é completo, não é integral. O nacionalista consciente subordina todas as preferências e interesses pessoais aos interesses do Nação. Ele quer o melhor sistema político para a França. Pelo empirismo, este sistema de governo é a Monarquia. A França foi fundada pela Monarquia que sobreviveu a invasões e desastrosas guerras civis, como a guerra dos 100 anos ou as guerras religiosas. Em cada vez, o país foi reunido em torno do Rei. Em comparação, as Repúblicas caem contra os dois impérios Bonaparte, o Alemão e as guerras coloniais. A monarquia atende a todos os postulados do nacionalismo francês. É por isso que chamamos de Nacionalismo Integral e por isso que somos monarquistas.

NA: A Ação Francesa é um movimento anticapitalista?

AF: Dei alguns fragmentos de resposta quando falei de corporativismo, mas sim. O capitalismo, e ainda mais a sua forma liberal, é um sistema que promoveu o globalismo. O capitalismo causou uma enorme quantidade de bens e dinheiro cair nas mãos de poucos. Aqueles que têm esse capital não se importam com o bem comum, apenas com seus próprios desejos em detrimento do interesse nacional, na maior parte do tempo. Foi o capitalismo, pelos seus excessos, que criou a luta de classes, dividindo a Nação. O Marxismo, igualmente destrutivo para a Nação, é uma consequência lógica do Capitalismo.

NA: A juventude tem se interessado pela luta nacionalista na França?

AF: Claramente mais do que as gerações anteriores. Vivemos uma época na França onde a forma de governo é muito mais discutida, até mesmo no debate público. A confiança nos políticos é cada vez menor. Neste contexto, a República não é mais sagrada para a juventude. No entanto, como eu disse anteriormente, esta juventude está sem direção, nem doutrina, na maioria das vezes. Alguns também têm preguiça de fazer ativismo ou não veem interesse nisso.

NA: A França, após a Revolução Francesa, é conhecida por ser uma nação “revolucionária” no sentido anticivilizacional e anticristão. Qual é a visão da AF sobre a Nação Francesa?

AF: Nossa visão da França é tradicional. Não de uma forma conservadora. Baseia-se na nossa história, mas também em nossos interesses e realidades reais. No caso da nossa vitória, mesmo depois de décadas, não poderíamos e nem quereríamos apagar todas as consequências da Revolução e da República. Por exemplo, não queremos colocar de volta no lugar algum elemento social do “Ancien régime” (antigo governo), como as três ordens, a velha aristocracia, ou a quase privatização dos impostos com o sistema agrícola. O problema não é essencialmente a lista de todas as coisas que a República fez, mas as suas ideias fundamentais: “Liberdade e Igualdade” que são abstrações. Uma intrusão de um voluntarismo filosófico na política. Com as tendências desordenadas inerentes à República que mencionei antes, esta visão revolucionária da França é causa de decisões políticas que vão contra os próprios interesses da nação. Pelo contrário, vemos a nação francesa como a família das nossas famílias. A nação é a maior círculo comunitário, temporal, sólido e completo. O maior interesse político. A Nação é apenas superada pelo que é da ordem do metafísico e do espiritual.

NA: Qual é a relação entre a Ação Francesa e a Igreja Católica atualmente?

AF: No momento, não existe uma relação verdadeira entre nós. A Ação Francesa não é um movimento confessionário. Uma grande parte dos nossos ativistas são católicos, mas não todos. Outros são protestantes, agnósticos, ateus, até ouvi falar de um zoroastriano. No entanto, reconhecemos o fato de a nossa Nação ter parte das suas raízes na Igreja Romana e a importância da moralidade cristã em nossa sociedade. A Igreja tem um papel a desempenhar na França, mas principalmente na sociedade, não tanto na política. Então, pelo fato de sermos um movimento político, isso explica a aparente distância entre a Igreja e nós. Nós não pensamos que o nosso dever é ocupar a Igreja, assim como pensamos que o dever da Igreja não é ocupar a cabeça de estado.

NA: A Ação Francesa pretende, futuramente, lançar candidatos e disputar nas eleições?

AF: É um projeto real, sim. Estamos trabalhando para termos candidatos nas futuras eleições municipais. Até agora, a questão de participar ou não nas eleições ficava ao critério dos governos locais. líderes de seção. Desde recentemente, o objetivo é envolver todo o movimento nas próximas eleições municipais. Alguns diriam que é estranho para um movimento monarquista, mas Maurras disse um bordão que poderia explicar nossas ações para tomar o poder: “Por todos os meios, incluindo os legais”.

NA: O governo antifrancês de Emmanuel Macron constantemente ameaça a soberania brasileira e luta pela internacionalização da Amazônia. O que a Ação Francesa acha da postura de Macron?

AF: Não creio que tenhamos uma declaração oficial sobre este ponto, mas temos uma sobre Emmanuel Macron. Ele é bastante desconectado da realidade e faz muitas declarações só para mostrar seu ego, sua suposta virtude. Sobre o assunto em si, somos a favor da preservação do meio ambiente. Não como os autoproclamados ecologistas que veem a natureza como uma deusa ou entram em uma espécie de neurose. Deveríamos preservar nossa pátria para o nosso próprio bem. Mas a melhor maneira de fazer isso é usar o chefe da Nação, o Estado, não pela ausência de qualquer Nação num lugar. Isso só será alcançado transformando a Amazônia em uma fortaleza de catadores. Já é verdade em alguma parte. A ação internacional para combater isso será apenas um desperdício de recursos. Além disso, a Amazônia é habitada, já existem nações nela. Declarando este lugar como internacional seria uma declaração vazia ou algo teria que ser feito para o 34 milhões de pessoas que vivem nele.

NA: Por que a Ação Francesa é a favor do FREXIT?

AF: Como eu disse, cremos que a Nação é a comunidade mais elevada e, portanto, o círculo político mais elevado. A União Europeia não é uma aliança entre nações. É uma instituição supranacional que ameaça a nossa soberania. A sua ação serve um livre mercado que destrói a nossa indústria e a nossa agricultura. Além disso, é uma ferramenta usado para facilitar o fluxo migratório em nosso país. A União Europeia levou para o Estado aquilo que chamamos em francês de missão régia. Essa é a principal missão do Estado. O controle da nossa moeda, do nosso poder jurídico, das nossas fronteiras e, de alguma forma, da nossa diplomacia. A União Europeia não é a única organização supranacional. A OTAN, que é mais uma ferramenta dos Estados Unidos do que uma verdadeira aliança e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tem o mesmo problema, tomando a nossa soberania em questões diplomáticas e de justiça.

NA: Estamos vivendo em uma época de cada vez mais insatisfações com o atual estado das coisas. Qual será o futuro da liberal-democracia?

AF: Não podemos ver o futuro, mas a situação atual já apresenta dois caminhos. Onde a democracia liberal é forte, transforma-se numa ditadura da burguesia, das classes altas. Aqueles que vivem dos rendimentos das rendas e da usura, aqueles que promovem a imigração para terem a sua mão-de-obra de custo baixo e dividir a população em comunidades mais fáceis de serem controladas, para serem as únicas pessoas poderosas enquanto os outros viverão na pobreza. Eles usam seu dinheiro para sustentar algumas comunidades extravagantes do arco-íris que odeiam as raízes das nossas nações e se perderam em alguma filosofia pobre que nega tudo o que nos torna humanos, homens, mulheres, de uma nação ou de um outro. Se a social-democracia é o caminho mais fácil para a oligarquia burocrática, a liberal-democracia é apenas o caminho mais rápido para a plutocracia. Na França, como em alguns outros países europeus, nós temos o pior de ambos.

Por outro lado, podemos ver alguns países que resistem a estas influências globalistas. Mesmo se nós temos que ter cuidado com um império como os Estados Unidos, as recentes eleições mostram que muitos americanos estão cansados ​​da situação trazida pelo globalismo. A Hungria é outro exemplo, ou até a Dinamarca, onde os socialistas perceberam que a imigração não era uma coisa boa para a sua nação, especialmente quando você se preocupa com a questão social. Como já disse, as recentes eleições francesas mostram que a nossa população quer se livrar deste sistema.

Mas no caso de as Nações acordarem da sua lentidão, há dois erros a evitar. A primeira é não questionar os preceitos da democracia. Mesmo com uma vitória nacionalista, os nossos inimigos sempre tentarão usá-la contra nós e um dia, eles terão sucesso, trazendo-nos de volta para democracia liberal. Isto é especialmente verdade para aqueles que se autodenominam liberais-nacionalistas, o que é um oxímoro. Querem reduzir o Estado a um ponto em que não seja capaz de se defender, e além disso, a Nação, desde os inimigos internos que querem destruí-la. Isto nos leva ao segundo erro que é particularmente atual, com as eleições de Donald Trump. Algumas pessoas veem uma forma de nacionalismo num outro país e querem fazer a mesma coisa no seu próprio país. Mas a França não é os Estados Unidos, a França não é a Dinamarca, Hungria e nem Brasil. A política de um Estado nacionalista num país não funcionará em outro. Cada nação deveria ter a sua própria forma de nacionalismo, mesmo que possam ter semelhanças ou pontos de convergência.

NA: Gostaria de direcionar algumas palavras aos nacionalistas brasileiros?

AF: Muita gente, na França, ignora o fato de que nossa maior fronteira se comunica com o Brasil, então nossos países não estão tão distantes um do outro, e o mesmo vale para nossas lutas. Nossas vitórias poderiam facilmente ser um benefício mútuo. O máximo que sei sobre o seu movimento e a sua doutrina mostra que ela está adaptada ao seu país e não é uma cópia de um nacionalismo estrangeiro. Achamos que isso é uma coisa boa e uma das mais importantes bases para ser um movimento sério, ainda que neste ponto a sua longevidade fale por si. Também ouvimos, na França, que o ataque com coquetel molotov aos estúdios da Netflix no Brasil foi feito por integralistas. Então continuem assim! Achamos isso incrível.

PERGUNTAS EXTRAS

NA: No Brasil, houve um movimento chamado “Ação Integralista Brasileira”, fundado por Plínio Salgado no dia 7 de Outubro de 1932. O que a AF acha do movimento?

AF: Para ser sincero, acho que sou um dos poucos ativistas do movimento que conhece o Integralismo brasileiro, porque é difícil encontrar fontes e livros sobre integralismo, Plinio Salgado ou Gustavo Barroso na França, particularmente em francês. Até para mim, eu sei principalmente coisas sobre o seu movimento por causa do meu interesse pelo integralismo português e por Salazar. O nome “Integralista” poderia fazer pensar que o seu movimento é inspirado em Maurras, assim como os integralistas portugueses, mas ouvi que não é realmente o caso. No entanto, é claro que temos lutas comuns contra o liberalismo, o marxismo e o globalismo.

NA: Qual foi a razão de Georges Valois romper com a AF e Charles Maurras?

AF: São múltiplas as razões deste conflito dentro do movimento. A cisão de Georges Valois não é a única, e a primeira razão é um conflito de egos, como costuma acontecer em divisões políticas. Em segundo lugar, o período entre guerras é marcado por conflitos estratégicos dentro do movimento. Alguns dos executivos e intelectuais da segunda geração do movimento ficaram desapontados com a estratégia de Charles Maurras. Valois pensava que a Ação Francesa deveria ter como alvo um público do mundo trabalhador e de classe baixa, mas depois da guerra, que matou metade dos Camelots du Roi, o público mais fiel do movimento e jornal era o da pequena burguesia católica ou da classe média alta. Esse fato leva a ideologia e a comunicação do movimento a ser mais conservadora, especialmente em visões sociais e econômicas. Valois estava em conflito com esta estratégia, pois pensava que esta classe não estava realmente disposta e capaz de fazer ou apoiar uma tomada de poder. Finalmente, a condenação papal do movimento em 1926 acabou por tornar esta estratégia desastrosa quando esta sociologia abandonou o movimento. No entanto, a divisão de Valois também não encontrou público e foi dissolvida em 1928. Muitas outras divisões começaram a acontecer nessas questões estratégicas. Uma divisão muito mais significativa foi de alguns Camelots que fundaram a OSARN (a Organização Secreta da Ação Revolucionária Nacional), mais conhecida como “La Cagoule” (O Capuz) que atuou por meio de assassinatos, ataques e conspirações para provocar um golpe de Estado militar.

Entrevista concedida pela Ação Francesa (AF). Representante: Hippolyte.

Traduzido por J.M. e revisado por Bulb.

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Um comentário em “FRANÇA AOS FRANCESES: Entrevista com a Ação Francesa”

  1. Trinity

    Muito bom, parabéns.

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